sexta-feira, setembro 30, 2005

CAPÍTULO V

Capítulo V

Chego a casa, entro e vou para o meu quarto. Sento-me na cama e ligo a aparelhagem. Oiço na rádio que à noite ia estar frio, chuva e vento. O tempo perfeito para uma recolha nocturna. Vai ser o máximo.
_Então pá! Tás fixe?
Grande susto. É o Rui a entrar mais uma vez pela minha janela. Este gajo não tem emenda.
_Merda man. Já chega! Ou começas a usar a porta ou acabo com a cena para ti!
_Tem calma pá. Estás muito nervoso. Passa-se alguma coisa?
_Não. Acabei de ter uma discussão com a minha empregada e ainda estou nervoso.
_Não descarregues é em mim, pá. Como é tens aí a cena?
_Tenho, toma.
_Baril! Estava mesmo a precisar. Toma lá o dinheiro.
_Estamos quites. Quando precisares já sabes.
_Tá pá. Obrigado. Tchau!
E lá foi ele de novo pela janela. Este gajo é que é doido. Uma vez Rui, sempre Rui.
_Menino! Menino! O jantar está servido!
_Já vou Tina! Já vou!
Olho para o relógio e vejo que são oito menos dez. Quer dizer que vou acabar de jantar por volta das oito e vinte, mudo de roupa e vou buscar o carro do Lim em frente ao Fanicos, para depois ir ter com o Gazela. Iá. Tenho tempo mais que suficiente.
Desço as escadas e entro na sala de jantar. Os meus Pais já estão sentados à mesa. Cumprimento-os com um beijo na cara a cada um.
_Que tal o dia hoje, Pai?
_Correu bem e as tuas aulas?
_Mais ou menos. A matéria está cada vez mais difícil. Não tem sido nada fácil acompanhar as aulas.
_Tens é de ter a cabeça no lugar. Hoje em dia quem não tem curso vê-se nas horas para triunfar. Não é Pai?
_Tens razão Mãe.
Os meus Pais tratam-se assim desde que eu nasci. Por Mãe e por Pai. E eu acho super-fixe. È engraçado como há pequenas coisas que nos conseguem tocar tanto.
_Mãe, sabes perfeitamente que eu me esforço. Tenho estudado bastante.
_Nós esperamos que isso seja verdade, mas duvidamos muito. Não é Pai?
_É verdade. Estamos muito preocupados com as tuas atitudes. Sabes filho, há uma altura da vida em que temos que parar um bocado para pensarmos no nosso futuro. Aquilo que queremos ser mais tarde. Não podes meter sempre o amor à frente de tudo.
_O teu Pai tem razão. O amor não está sempre do mesmo lado que a razão.
_Mãe! Pai! Então? Já sou crescido o suficiente para saber distinguir o certo do errado.
_Sabes, eu e o teu Pai não temos tanto a certeza.
_Estejam descansados. Eu sei o que faço e tenho consciência disso.
_Esperamos bem que sim.
Acabo de jantar e vou para o meu quarto. Ligo a aparelhagem e meto um CD dos REM. Programo a aparelhagem para não parar nunca de tocar e fecho a porta do quarto à chave. Assim posso sair pela janela e os meus Pais vão pensar que eu não saí esta noite. Já tenho um alibi. Os meus Pais jurariam que eu estive toda a noite a ouvir musica no quarto. Mesmo que batam à porta não era a primeira, nem a segunda vez que eu adormecia a ouvir musica no meu quarto à noite. Mais uma vez a minha imaginação me safou. Já tenho um alibi e ainda nem saí de casa. Iá. Nem preciso de comprar um. Fixe.
Salto pela janela e vou ter ao Fanicos. Lá está o carrinho do Lim. Não. É claro que não é o Z3. Somos quatro. O Lim tem muitos carros. E este sou eu que o vou estrear. O Lim compra sempre um carro para os golpes. Diz que dá sorte. Para mim dá, sou eu que os estrio. Desta vez resolveu comprar uma Nissan 4x4. Super-fixe. Cinzenta, com a caixa atrás fechada, senão as cenas da recolha nocturna voavam. O Lim sabe o que faz e compra sempre o mais adequado ao golpe.
Como é que eu sei que no meio de tantos carros estacionados qual vai ser o meu? Eu disse-vos que o plano era perfeito. Estava lá uma fotografia da Nissan, nos planos. A chave? Elementar caríssimos. Está sempre colocada dentro do cano do escape. Vêem?
Pego na chave e ligo o carro.
O plano vai ao pormenor de já estar colocado o CD para o golpe. Hoje meus amigos vamos escutar Vivaldi. As quatro estações. Lindo!
Chego à casa do Gazela e lá vem ele. Com os seus longos cabelos castanhos claros, aos saltos como uma gazela. Ao perto é que ele é estranho. Tem a cara com muitas borbulhas, usa óculos com lentes amarelas rectangulares e é super-magro.
_Como é Gazela? Tudo?
_Taba a ber que não, meu. Mas estás na hora combinada. Bora lá!
Há! É verdade! O Gazela é de Braga, não estranhem a pronúncia. É um tipo fiel e bué de fixe.
Nem foi preciso desligar o carro. Tão depressa apareceu como entrou no carro.
_Tens que me indicar o melhor caminho para a casa do Pedro.
_É simples. Bais sempre em frente, biras à esquerda na farmácia e na primeira à direita.
_E depois?
_Paras e eu dou-lhe um toque para o télélé. Ele não quer que tu saibas onde ele mora. Aliás ninguém sabe onde ele mora.
_E é de confiança este Pedro? Não achas estranho ninguém saber onde ele mora?
_De certeza que o Lim sabe. Ele sabe tudo de toda a gente.
_Agora é aqui, náo é?
_Isso! Bira aqui à direita e pára. Tou Pedro?
_ (...)
_Já chegamos! Bora lá!
_(...)
_Até já!
Foi tudo uma questão de minutos e entra na Nissan um individuo de raça negra. Fisicamente bem constituído, com uns enormes olhos castanhos e todo vestido de preto.
_Como é pessoal? Tá-se?
_Tudo Pedro! Tá-se fixe.
_Tá-se bem Pedro. Prazer.
Cumprimentámo-nos e arrancámos para a casa do Lim. O Pedro abriu o telemóvel dele e retirou o cartão. Partiu-o a meio e atirou-o pela janela fora.
_Porque desfizeste-te do cartão? Não bais precisar mais dele?
_Então a partir de agora não é tudo com os rádios?
_É verdade Gazela. O Lim nos golpes só usa rádio e se fores apanhado não tens como provar que ligaste ao Pedro. Bem pensado man.
_Obrigado. Sou profissional naquilo que faço.
Paramos a cerca de cem metros da casa do Lim. Estava tudo a correr conforme o plano. Lá estava o carro da judite, um Peugeot 306 verde com dois agentes que não tiravam os olhos da casa do Lim. Olho para o meu relógio e vejo que são dez e meia. Movimento. Sai alguém da casa do Lim e entra no Z3. É o primo dele e a judite segue-o. Yes. Estamos no caminho certo. Sai mais alguém. É o Lim. Arranco e vou apanhá-lo à porta de casa. O Gazela vai para o banco de trás e o Lim entra para o lugar do morto.
_Por pouco não vos via. Que merda de nevoeiro é este?
_Foi o Pedro que enrolou um man. Acomoda-te que está na hora.
_OK! Pessoal só digo isto uma vez, por isso escutem com toda a atenção.
_Bamos indo. Falas pelo caminho. Pedro dá-me uma passa.
_Toma! Pega no cinzas também.
_Se alguém for apanhado, o que eu duvido, ninguém, repito, ninguém dá com a língua nos dentes. Vocês já me conhecem e se há coisa que não tem perdão é a traição. Por isso mantenham a cabeça fria e nada de disparates. Era capaz de vos perseguir até aos confins do Inferno para me vingar.
_Tá descansado man. Já nos conheces e sabes como trabalhamos. Pelo menos a mim e ao Gazela.
_É berdade Lim!
_Vocês estão a descalçar a botinha para mim? É isso? Já actuei com o Lim várias vezes. E se ele me escolheu é porque sou o melhor. Não duvidem.
_Tens razão Pedro. És o melhor, mas aquilo que disse ainda à pouco, é para todos. Sem excepções. Tenham juízo e ninguém sai prejudicado. Este pode ser o nosso último trabalhinho. Por isso, e saia o gato!
Esta expressão do Lim é fabulosa, “_E saia o gato!”. Não conhecem? É simples. Eu conto-vos.
Era uma vez um ratinho que vivia dentro de uma parede atrás de um enorme armário. Cada vez que o ratinho saía da sua toca para ir buscar comida, era confrontado com a presença de um terrível gato. O ratinho temia o gato e começou a emagrecer tanto que resolveu, que naquela noite, tinha de sair de qualquer maneira. Quando se aproximou da porta da toca viu o gato a fumar um enorme charrão. O gato acaba de fumar e atira a ponta para baixo do armário. Aí o ratinho pensou, se não como nada então vou fumar esta ponta para enganar o estômago. Dá duas passas e começa a ficar com a cabeça a andar à roda. Sai da toca cá para fora. Cerra os dois punhos e com um movimento super-cómico de braços e pernas diz “E saia o gato!”.

CAPÍTULO IV

Capítulo IV

E cá estou eu. Outra vez só. Deitado no meu sofá. E mais uma vez pedrado. Vida estranha a minha. E depois? Vou ganhar quinhentos mil euros e a minha vida vai passar a ser mais interessante. Não quero dizer que agora não é interessante. Porque até o é. Mas o certo é que quinhentos mil euros conseguem tornar o que já era interessante em ainda mais interessante. Eu sei que concordam comigo.
Comecei a decorar o plano. Acho que estive umas três horas. Foi quando olhei para o relógio do vídeo e vi que já eram cinco da tarde.
Estava na hora de ir buscar a Mena. O que iria eu lhe dizer? Contar-lhe a verdade? Não faço a mínima ideia. Vou ter que improvisar. Iá. Eu sou bom nisso.
Cheguei à faculdade e lá estava ela no seu grupo de colegas. Na treta, a contarem as maiores baboseiras uns aos outros.
_Olá anjo.
Esta voz carinhosa. Como é bom escutar esta voz. Voz suave como o mel, a fugir um bocadinho para o mimalho. Mas acima de tudo linda e sincera.
_Então Paixão. Tás fixe?
_Olha quem ele é? O meu vilão favorito.
Apresento-vos a Lena. A melhor amiga da Mena. “_Onde vai Mena está a Lena.”. Inseparáveis. Por vezes irritantes quando juntas.
_Deixa-o em paz Lena. Nós já vamos embora.
_Olha agora o menino precisa de advogada de defesa. Que querido.
_Paras Lena? Deixa-o, já te disse.
_Qual é a tua Lena? Já vi que estás parva como é costume.
_Deixa-te de merdas piolhoso. Não sei o que vê ela em ti. Vê-se à distância que não prestas.
_Vamos Mena. Não estou para a aturar hoje.
_Tchau Lena! Tchau pessoal!
_Tchau Mena!!!
Começamos a caminhar de mão dada. E fomos no carocha amarelo da Mena para o meu apartamento. Sentamo-nos no sofá a ver a MTV. Eu a beber um copinho de whisky e a Mena a enrolar um piquinho.
_Estava mesmo a precisar de um. Tenho um mini-teste amanhã de manhã e preciso de decorar uns exercícios.
_Tu às vezes passas-te. Tanto resmungas por eu fumar sozinho como a seguir estás a enrolar um comigo.
_Tu não entendes. Eu gosto de me sentir moca quando tu também estás. Nem que não estejamos juntos. Se eu souber que estás a fumar em tua casa e eu estiver na minha, se fumar também é como se estivesse contigo. Percebeste, anjo?
_Iá. Já te entendo. Tás passadinha de todo.
_Deixa-te de coisas e ajuda-me.
Acabamos de enrolar e fumamos juntos. É incrível. Sensacional. Dá para ter sensações de outro mundo. É como estar na quinta dimensão. Curtimos bué. Eu por cima, ela por baixo e os dois um só. Lindo! Até que por fim, fomos fumar um cigarrinho para o quarto de banho enquanto nos lavamos.
_Mena és única. Adoro-te!
_Também te adoro muito! Tu és o meu amor.
_Que vais fazer logo à noite?
E agora? Imaginação tens que actuar, e já. Inventa a melhor desculpa do mundo. Salva-me mais uma vez. Please.
_Ei! É verdade! Logo à noite! Já me esquecia.
_De quê anjo?
_Combinei com os meus Pais ir à casa dos meus tios. Vamos buscar o meu primo César à casa dos Pais, para passar o fim-de-semana connosco. Já me tinha esquecido.
Sou ou não sou o maior nestas situações? Não tive que lhe contar sobre a recolha nocturna, como ainda já consegui uma desculpa para não estar com ela a noite toda. E com sorte para poder ficar a dormir amanhã até mais tarde.
_Que chato. Assim não podes estar comigo. Vou morrer de saudades.
_Tá descansada porque amanhã compenso-te.
_Podes crer que vais pagar caro. Também não faz mal, amanhã é Sexta-feira e à noite vais ver o que te espera.
Amanhã. Boa piada. Eu quero é ver o que me espera hoje à noite. Na volta amanhã já nem estamos juntos. É estranho pensar nisto. Como é que eu posso pôr esta carta no baralho? Eu não era capaz de estar um dia inteiro sem ela. O melhor é continuar o meu jogo e ver no que dá. Já chega o facto de estar a mentir. Olha agora acabar um namoro que está a correr também. Mas, e o dinheiro? Como poderei explicar-lhe que fiquei rico de um momento para o outro?
_Desde que não apareças com a Lena, está tudo bem.
_Não ligues ao que ela diz. No fundo do fundo eu sei que ela gosta de ti.
_Só se for no fundo de uma campa. É lá que ela gostava de me ver.
_Não digas isso dela. Não é verdade!
_Sabes bem que é assim! Ela odeia-me! E irrita-me! Não consigo gostar dela.
_Vamos nos acalmar. Não me quero zangar contigo por causa da Lena.
_Eu acho que já vens tarde! Já estou nervoso suficiente!
_Não me grites! Acalma-te!
Acalma-te! Então que tens? Não percas o controlo. Nem penses em aproveitar-te da Lena para acabares tudo com ela. Deixa-te de coisas. Vá, inspira fundo. Bem fundo. Boa. Agora expira. Não vale a pena contar até dez. Um, dois, três, quatro, cinco... Basta. Pede desculpa e fica bem com ela.
_Sabes Mena eu...
_Escusas de dizer. Já sei que te custa dizer. Estás desculpado.
_Não era isso que queria dizer.
_Como é?
_Eu ia dizer que está na hora de te ires embora.
_Que... que... queres dizer com isso?
_Nada. Que quero ficar um bocado só. Mais nada.
_Estás a expulsar-me da tua casa? Está descansado que eu saio. Pode até ser que nem volte mais! Adeus!
_Espera Mena!
Tarde de mais já saiu. Sinto um enorme nó na garganta. Engulo em seco e sinto os olhos a latejar. Sinto uma lágrima a escorrer-me pela face, mas não a tiro. Consigo agora observar pela janela a Mena lá embaixo a correr para dentro do carocha.
Não há mais nada a fazer. Ela foi e eu tenho que continuar com a minha mente descansada. O Lim não pode saber que acabei com ela. Pode pensar que estou abatido e psicologicamente em baixo. Não posso perder esta chance. É única.
São sete e meia o plano entra em curso precisamente às dez e meia para o primo do Lim e para o Lim. Mas para mim começa mais cedo. Às nove horas tenho que ir buscar o gazela.
Ei! Esqueci-me do Rui. Que cena!
Pego no telemóvel e ligo-lhe.
_Tou! Rui?
_Como é pá? Já tens a cena ou não? Sabes que horas são?
_Desculpa man. Perdi-me no meio das horas.
_O que estás a dizer? Perdeste-te quê?
_Nada esquece.
_Já vi tudo. Tou a ver que o produto é bom. Fixe.
_Tens toda a razão.
_Onde estás pá?
_Estou a ir para casa.
_Tou lá daqui a uns vinte minutos. Até já.
_Tá até já.
Fui buscar um bocado de cena ao frasco e saí. Apanhei um autocarro para casa. Queria chegar antes do Rui. E acima de tudo não podia dar bandeira. Não ia escorregar em nada. Não podia contar-lhe nada, nem da Mena, nem da recolha nocturna. Nada mesmo.

CAPÍTULO III

Capítulo III

Chegamos à rua do Lim e o Rui foi-se embora.
Tinha que ligar finalmente ao gajo. Onde marcar o encontro? Na casa dele nem pensar, mas podíamos ir para o meu local secreto. Sim, era sem duvida o melhor sítio.
Ainda não vos tinha dito, mas aluguei um apartamento sem ninguém saber. Só o Lim e a Mena é que sabem. Nem o Rui sabe dele e nem convém saber, senão já sei que não arredava os pés de lá. E sabe sempre bem termos o nosso canto privado.
_Tou! Lim?
_Como é? Tudo?
_Preciso de falar contigo man.
_Onde estás?
_Estou a ir para o meu apartamento. Vais lá ter?
_Dá-me vinte minutos que estou lá. OK?
_Tá man. Um abração.
_Outro.
Apanhei um taxi e fui para o meu apartamento. Levantei cem euros no banco embaixo e entrei.
Estava tudo impecavelmente limpo e arrumado. A ultima noitada não tinha deixado qualquer vestígio para a Mena ver. Tinha jogado uma cartada anteontem com o Lim e mais dois amigos dele e perdi seiscentos euros no poker. A Mena não podia saber.
A campainha toca. Deve ser o Lim. Olho pelo videoporteiro e vejo o Lim com o seu metro e oitenta e dois, cabelo escuro comprido, olhos castanhos e uma cicatriz na face que fazia inveja a qualquer gangster. O nome Lim vem de limpeza. Todos os trabalhos em que se metia eram executados com tamanha perfeição e limpeza que a polícia alcunhou-o de “Limpo” e nós de “Lim”.
_Sobe Lim. Está aberta.
_Obrigado.
Um minuto depois entra o Lim. Cumprimentámo-nos e ele sentou-se no meu sofá.
_Então pá? Tens cena?
_Quanto é que vais querer?
_Dá-me cem euros, man.
_Tanto? Para que queres tanto?
_Cinco para o Rui e o resto vou guardar para desenrascar o pessoal de vez em quando. Quando estão desesperados compram a qualquer preço.
_Tu é que mandas. Vinte e cinco, cinquenta, setenta e cinco, cem. Toma lá.
_Obrigado.
Paguei ao Lim, peguei na cena e guardei-a no sítio do costume. Dentro de um frasco, atrás dos livros que ficam na prateleira por cima da televisão.
_Que fazes logo? Vais ter com a Mena ou vens ter comigo?
_Vou almoçar com a Mena ao Mc Donald´s. Depois ela vai para as aulas e aí eu ligo-te.
_Tá combinadíssimo. Até já.
_Até já.
O Lim saiu e eu aproveitei para enrolar um. Iá, descontrair um pouco. É nestas alturas que tenho as minhas melhores ideias. Marroquina, super-cool. Acabo de fumar e olho para o meu relógio.
_Merda! Já são 11:50h e ainda tenho que ir à faculdade ter com a Mena.
Apanho um autocarro e dirijo-me para a faculdade de engenharia.
Lá está a coisa mais bonita do mundo, o amor da minha vida. A Mena. Ai, ai.
_Oi gata!
_Lindos olhos! Estiveste a fumar!
_Foi só um piquinho. Tá-se bem!
_Anda cá para te pôr umas gotas, meu anjo.
Beijei-a e sentei-me na beira do passeio. Ela agachou-se e pôs-me uma gota em cada olho.
Estas gotas são mesmo fixes, os olhos ficam branquinhos em segundos. Como novos. Mas o melhor é que a moca continua. Mundo de sonho e de loucura. Em que eu sou tu e tu és eu. Somos aquilo que queremos e temos tudo aquilo que sempre quisemos. Paz, harmonia, alegria. Iá, alegria. Alegria é fixe. Curtida. Engraçada. Iá, engraçada. Cómica. De partir o coco a rir. Há! Gargalhada.
De repente volto à realidade.
_Então estás aqui ou não, anjo?
_Mena? Que queres, Paixão?
_Vamos comer rápido que a seguir tenho Estruturas e o prof não nos deixa entrar depois dele. É daqueles fecha a porta à chave depois dele entrar.
_Que cena doida. Anda vamos.
Chegamos ao Mc Donald´s e comemos o costume. Mc menu cinco, dos médios e dois molhos de salsa. A bebida? Fanta.
Comemos e regressamos à faculdade. Curtimos um pouco e ela foi para a aula de Estruturas. E eu? Bem eu, eu sou diferente. Não vou às aulas. Também sou universitário, mas não vou às aulas porque apeteceu-me chumbar um ano. Ainda para mais os meus Pais pagam-me os estudos e eu cá vou arranjando umas coroas com este ou aquele biscate.
Eu vou é telefonar ao Lim para ver onde ele está.
_Tou Lim? Onde estás man?
_Tou no Fanicos.
_Vem me buscar man. Estou aqui na faculdade de engenharia.
_Tá! Já vou.
Passaram dez minutos e chega o Z3 do Lim. Cinzento metalizado. Super-lindo. Entrei e cumprimentamo-nos. E fomos para o meu apartamento.
Servi dois whiskys e liguei um sonzinho super-fixe. Depeche Mode. E o Lim a enrolar um. Iá, já não estava com a moca. Nem me tinha apercebido disso.
_Boa escolha.
_Iá. Que contas man?
_Vou precisar de ti para uma cena.
_O quê man?
_Vamos fazer uma recolha nocturna de uns dinheiros.
_Uma recolha nocturna? Iá, já tou a ver cena.
_Sou eu, tu, o Pedro e o Gazela. E faz-me falta um motorista.
Pois é. Sempre que era dia de recolhas nocturnas era eu o motorista. Tenho carta de condução, mas não tenho carro. Acontece que sou o melhor condutor da região, o mais rápido, o mais ágil e o mais hábil. Um autentico Aírton Sena da Silva.
Só com estas recolhas nocturnas é que eu tinha tanto dinheiro. Ainda há pouco vos disse que tinha perdido seiscentos euros no poker, levantei mais cem e isso dá? Setecentos euros. Por isso é que não tenho problemas de dinheiro. Iá, sou do género de gangster. Um bandido. O mau da fita. Mas também sou um tipo curtido.
_Podes contar comigo. Onde é a recolha?
_No armazém 117.
_No 117? Finalmente! Porreiro!
_É valeu a pena esperar. Muitos meses de pesquisa e de paciência.
_E como vamos despistar a judite?
Judite – o mesmo que Polícia Judiciária.
_Toma. Fuma e ouve.
_Fixe. Conta lá.
_O meu primo Filipe está lá em casa a dormir. Hoje à noite por volta das dez e meia, o Filipe vai sair da minha casa vestido com a minha roupa preta.
_Aquela que tem o gorro?
_Essa mesma. Com a luz da entrada apagada, ele de preto, com o gorro enfiado na cabeça e a sair no meu carro. A judite vai pensar que sou eu e vai segui-lo.
_Iá man. Tou a ver a cena. E tu ficas livre! Boa!
_Genial, não? Vai tudo correr na perfeição. Estivemos oito meses a preparar o plano. O Gazela até trabalhou lá um mês para sabermos como é por dentro o armazém.
_Iá, ficou um mês inteirinho com dor nos ombros. Até ganhou ferida.
_E o pessoal para o foder cumprimentava-o com uma palmada nos ombros. Há! Há! Há!
_Há! Há! Há! Essa cena foi super-curtida, man. Todos a baterem-lhe nos ombros!
_Chega-te aqui para veres o plano.
O Lim foi ao bolso do casaco de couro preto e tirou um envelope branco. Abriu-o e tirou uma data de folhas todas dobradas. Começou a desdobrar uma e ficou uma folha A1. Era um plano impecável. Desenhos e esquemas computadorizados, fotos digitalizadas do interior e do exterior do armazém. Compilaram tudo num programa super-moderno e imprimiram. Fabuloso!
_Que tens pá? Fecha a boca que ainda tenho mais três folhas.
_Man vocês são completamente loucos. Vocês passam-se! Loucura total!
_Tem calma e vê tudo com muita atenção. Se tiveres dúvidas tira-as já comigo. Não pode falhar nada. Nada!
Comecei a estudar o plano. Estava tudo muito bem definido e programado. Diabolicamente estruturado e ao mesmo tempo esclarecedor. Minuto a minuto a posição de cada um. Se algo correr mal temos duas opções de fuga e ambas são bastante seguras.
_Lim! Digo-te man, isto está o máximo. És tu pá. Eu sabia. Tu é que és o gajo. És tu. Eu sabia man.
_Deixa-te de disparates miúdo. Tens alguma dúvida?
_Não man. Tá-se bem.
_Consegues decorar tudo até logo à noite?
_É claro man. Pensas que eu sou o quê?
_Não passas de um miúdo. Já não me lembro do que é que se pensa com essa idade.
_Deixa-te de cenas man. Combinamos que nos tratávamos de igual para igual.
_Tá miúdo. Estava a brincar. Senta-te lá.
_Quanto é que vale a recolha? Lembro-me que os boatos eram de uma boa fatia, mas nunca soube ao certo quanto é o valor.
_Estás bem sentado?
_Fala man.
_Cinco milhões.
_Escudos? Só?
_Não. Euros. Um cinco com seis zeros.
_Tás a brincar man.
Os meus pés começaram a tremer. Depois as pernas. E ainda o corpo. Todo eu tremia. Não podia acreditar. Cinco milhões de euros. Inacreditável. E o melhor? O melhor está para vir porque dez por cento das recolhas é para o motorista. Isto dá a módica quantia de... de... quinhentos... mil... euros. Um cinco com cinco zeros. Milionário. Loucura total. Não estudava mais na minha vida. Era só investir e curtir. Iá.
Começava era a ter um problema. Um problema chamado Mena. Será que devia contar-lhe sobre a recolha? E mesmo que não lhe conte antes. Será que lhe devo contar depois? Iria ela atraiçoar-me? Deveria terminar imediatamente com ela?
Bem o melhor é não pensar para já nisso e concentrar-me antes em decorar o plano.
_Pareces uma vara verde. Para com isso.
_Não é todos os dias que se vai lucrar cem mil contos man. Deixa-me tremer em paz.
_Tens de fumar menos, estás a ficar cada vez mais pedrado. Olha só para os teus olhos.
_É verdade. Os meus olhos não enganam.
_Bom! Vou embora. Falamos mais tarde.
_Tichau man!
_Adeus puto!

terça-feira, setembro 27, 2005

CAPÍTULO II

Capítulo II

2002
9:10h – Casa dos meus Pais

Meu telemóvel está a tocar e acordo sobressaltado. Olho pela janela e consigo observar a cortina a mexer. É de leve, mas está definitivamente a mover-se. Penso para mim que deve ser o vento, pois ainda ontem estiveram ventos ciclónicos.
O telemóvel não pára e pego nele. 961 231 373. É o Rui.
_Tou! Rui?
_Tou ! Então, pá? Tás fixe?
_Iá man! Porreiro. Que queres?
_Estou a precisar, pá. Já acabou.
_Quanto?
_Dez euros. Tens?
_Tenho. Onde estás?
_Bem, na tua janela.
Olho para a janela e ali estava ele. Com os seus olhinhos azuis e o seu curto cabelo ruivo. A olhar para mim com um sorriso todo acriançado. Sim, assim era o Rui, um rapaz com os seus 19 anos. Estudante de dentista na faculdade de medicina.
_Rui, já te disse milhões de vezes para não me trepares pela varanda. Tenho uma porta lá embaixo como toda a gente.
_Desculpa pá. Mas não consigo evitar de fazer sempre isso. Então pá, tás fixe?
Estendeu-me a mão e cumprimentámo-nos.
_Entra e senta-te na minha cama.
_Obrigado. É pá, que raio de pijama é esse?
Sim era verdade. Boa pergunta. “_Que raio de pijama é esse?”. Por que raio é que logo hoje eu tive que vestir a merda deste pijama. O pijama que a Tina me ofereceu nos anos. O pijama mais feio do mundo. Azul eléctrico, com montes de risquinhas cor-de-rosa e estrelinhas amarelas. Odeio as prendas da Tina.
_Não ligues é feio mas confortável.
_Há! Há! Há! Tu é que és doido. Então pá, tens a cena?
_Deixa-me ir à gaveta.
Ajoelhei-me e abri a gaveta do meu roupeiro e tirei um caixotinho que estava embaixo de tudo. Peguei nele e pousei-o em cima da cama. Abri-o e olhamos os dois para dentro dele. Estava vazio.
_È pá, granda cena. Não tens nem um greirinho.
_Merda. Tenho que ir ao Lim buscar mais, man.
_É pá. Vê lá se vais e rápido, porque estou mesmo a precisar.
_Ou! Calma aí. Vou quando puder. Tenho ainda que ir tomar banho e tomar o pequeno-almoço.
_Olha então vou indo pró Fanicos. A gente comunica-se pá.
Saltou pela minha janela e foi-se embora. Despi-me e fui tomar banho.
Olho agora para o espelho e estou o máximo. Uma brasa, o único e o melhor. Uau.
Chego á cozinha e só está lá a Tina. A minha doce e fiel Tina. A melhor governanta que se pode arranjar. Com 67 anos e um espirito de 28. Gordinha, com bochechinhas e um sorriso encantador.
_Bom dia Tina!
_Bom dia menino! Sente-se que eu sirvo.
_Obrigado Tina. Quero leitinho com chocolate e as super-torradas da Tina!
_Estão acabadinhas de tostar.
Um cheirinho a pãozinho torrado com manteiguinha acabada de barrar. Hum. Que bom.
Já de papo cheio saio e desço pela rua. Meto os phones nos ouvidos, os meus sunglasses e ligo um super-som. U2. Elevation. Caminho pela calçada e vou a chutar uma pedra.
Chego ao Fanicos e entro. Um sonzinho super baril de Pixies. E um ambiente de fumo e de jogo. Lá está o Rui, na mesa mais fixe, ali mesmo no canto de onde se pode ver tudo. Quem entra, quem sai, quem nos olha. Enfim tudo.
_Então Rui? O resto do people?
_Ainda não vi ninguém pá
_Nem o Lim?
_Aí é que está a cena pá, nem o Lim.
_Vou ligar-lhe. Merda man, deixei o telemóvel no quarto.
_Toma usa o meu.
_Não dá man. Não sei o número de cor. Temos que ir à minha casa.
_Vamos no meu carro.
Saímos e fomos para o carro do Rui. Uma velha quatro L, cor de laranja com o numero sessenta e nove colado com letras azuis nas portas.
Chegamos à minha casa e fui buscar o meu telemóvel.
_Menino! Menino! Já tocou mais de dez vezes.
_Obrigado Tina. Mas no visor só estão marcadas duas.
_Vem jantar? É o seu super-bacalhau.
A Tina já não me pergunta nunca se vou almoçar, pois sabe que isso é tarefa impossível. Mas jantar é diferente. Ainda para mais um super-bacalhau.
_Se vier eu ligo-te tá? Tichau Tina!
_Adeus menino!
Fechei a porta e saí. Fui ter com o Rui ao carro dele e peguei no meu telemóvel para ver quem me tinha telefonado.
_Entra pá. Tu sabes mesmo onde mora o Lim?
_Sei. Já lá fui bué de vezes. Que granda noia!
_Que foi pá?
_Ligou-me a Mena e o Lim.
Mena, um metro e setenta e dois, sessenta quilos, morena, olhos verdes, corpinho tipo garrafa da coca-cola e principalmente o amor da minha vida. Sim, por ela era capaz de tudo. Como cantava o Brian Adams “_Everything I do, I do it for you”.
Pensei para mim mesmo que o melhor era ligar primeiro à Mena e só depois ao Lim. A cena podia esperar um bocadinho mais.
_Tou! Mena? Bom dia, Paixão.
_Amor? Estava a ver que não me ligavas. Onde estás?
_Tou com o Rui. Aqui no carro dele.
_Manda um beijo meu à Mena.
_Já te disse mais de mil vezes que não gosto da companhia dele. O Rui é má companhia para ti.
_Está descansada. Eu sei o que faço.
_Não me digas que vais à casa do Lim!
_Achas? É claro que não. Vamos jogar um bilhar os dois. Mais nada.
_Não me mintas! Estou a ouvir o anormal do Rui a rir.
_Não é nada. Estás a ouvir apenas o rádio. É o programa da manhã. É de rir.
_Está bem. Vou fazer de conta que acredito. Um dia ainda vais arranjar das boas graças às más companhias.
_Ná! Não penses mais nisso.
_Olha, eu vou para as aulas e vemo-nos mais tarde. OK?
_Tá Paixão. Beijos grandes para ti.
_Beijos enormes para ti também, meu anjo.
_Tichau.
Desliguei o telemóvel e o Rui não parava de rir.
_Cala-te Rui! Pareces um puto de dez anos.
_ Pá! Que queres? Tu és de matar a rir.
_Silêncio agora que vou ligar ao Lim.
_Tá pá. Faz de conta que eu não estou aqui.
Não gostava nada de ir à casa do Lim. O gajo era perigoso e a casa estava sempre sob vigilância da polícia judiciária. Eu tinha que arranjar maneira de me livrar do Rui e de encontrar o Lim noutro sítio qualquer.
Boa ideia! Vou fingir que estou a falar com o Lim ao telefone e que ele me pede para ir sozinho. Iá. O Rui que se lixe. Afinal o Lim não gosta de mirones.
_Tou! Lim?
_ (...)
_Então man? Tudo?
_ (...)
_Tou com o Rui. Preciso de falar contigo.
Para quem não sabe, não convém dizer ao telefone que quero cena ou outra coisa qualquer, pois o telefone pode estar sob escuta. Então combinei com o Lim que quando precisar de cena para lhe dizer que preciso de falar com ele.
¬_ (...)
_O quê? Sozinho? É só o Rui man.
_ (...)
_Tá pá. Eu vou sozinho. O Rui leva-me e depois vai-se embora.
_ (...)
¬_ OK! Tá pá. Até já.
_ (...)
_Abraço. Até já.
Desliguei o telefone e o Rui estava de boca aberta a olhar para mim.
_É pá. Obrigadinho. Tu é que és fixe.
_Que queres Rui? Não ouviste o gajo?
_Tu sabias perfeitamente que eu queria ir também. Não te esforçaste nadinha pá.
_Acabou man! Leva-me lá e finito.

CAPÍTULO I

Capítulo I


1979
7:30h - Hospital


Um casal entra violentamente pelo hospital dentro.
_É o meu primeiro filho! Alguém me ajude!
_Tenham calma e sente a sua esposa nesta cadeira.
São os meus Pais minutos antes de eu nascer. Uma enfermeira conduz a cadeira de rodas para um quarto, enquanto que o meu Pai é levado para a sala de espera. A minha Mãe está agora numa marquesa rodeada por vários médicos, enquanto que o meu Pai está na sala de espera a fumar cigarro atrás de cigarro. Entra um médico na sala de estar.
_Então doutor? Já nasceu?
_Receio ter más notícias. Vamos ter que a operar.
_O que se passou? Qual foi o problema?
_Vamos ter de operar a sua esposa para ver se não perdemos o seu filho.
_Meu Deus ajuda-me. É o meu primeiro filho.
Minha Mãe está agora numa sala de operações rodeada por mais médicos ainda. O meu Pai está agora mais nervoso do que nunca, pois o tempo passa e ninguém lhe dá notícias. De repente entra um médico, com um sorriso na cara e uma bata toda ensanguentada.
_Doutor! Boas notícias?
_Sim. Parabéns! Tem um belo filho.
O meu Pai entra sorridente na sala, a minha Mãe está deitada ainda meio a dormir e eu estou deitado num balcão ligado a uma máquina.
_Querida, estás bem?
_Conseguimos amor. É lindo.
O meu Pai dá um beijo à minha Mãe e a minha máquina começa a emitir um som de alarme. Um médico entra rapidamente pela sala dentro e começa a me reanimar. Os meus Pais estão agarrados um ao outro a chorar. Agora já são dois médicos e os minutos estão a passar. Cinco. Dez. Quinze minutos e nada. Está tudo a desesperar, foi quando o meu Pai levantou-se, caminhou para mim e ajoelhou-se.
_Deus todo-poderoso! Envia-nos um anjo!
Ao mesmo tempo que o meu Pai repete o pedido, as luzes da sala começam a ficar intermitentes e mais fortes. As luzes voltam à intensidade normal e o som de alarme pára. Os médicos mandam toda a gente se calar e ficam à escuta. O som agora já é alternado e no leitor já se lê a minha tensão. O meu Pai continua de joelhos à minha frente, enquanto que a minha Mãe reza.
_Obrigado meu Deus.
_Bem lhe pode agradecer. Já íamos desistir.
Já passou uma semana, a minha Mãe está agora instalada num quarto e o meu Pai está sentado a dar-lhe a mão. Uma enfermeira entra no quarto comigo ao colo.
_O nosso filho! Finalmente.

O meu Pai levanta-se e pega em mim. Levanta-me no ar, vira-me para a luz que vem da janela e sorri lá para fora. _Meu Deus! Obrigado pelo anjo que nos enviaste. Como agradecimento iremos dar ao nosso filho um nome de um grande anjo. O nosso filho chamar-se-á... Gabriel!

AVISO

Não comece a ler a história sem antes ler este AVISO.
Esta história é pura ficção. Todas as personagens foram inventadas (elas não são verdadeiras, reais!!!) por mim. Não me inspirei em qualquer história que tenha realmente acontecido ou que já tenha sido escrita por qualquer autor.
Não me responsabilizo se a leitura for uma perda de tempo (pode ser que cure insónias).
A história irá ser publicada por capítulos (mas não têm nome, são numerados e em numeração romana).
Boa leitura para todos

quinta-feira, setembro 22, 2005

Brevemente - GABRIEL


Pisconight tem o prazer de apresentar
BREVEMENTE NESTE BLOG